A caminhada continua: Jornalismo Literário e uma pequena estreia
Pesquisando sobre o curso de Jornalismo, um achado: para me formar poderia escrever um livro como trabalho de conclusão de curso, o famoso TCC. Vestibular, matrícula, já nas primeiras semanas de aulas corri atrás de indicações dos caminhos para escrever o livro. Não via a hora de ter a disciplina de Jornalismo Literário, programada apenas para o último ano (#chateado). Enquanto a disciplina não chegava, pelo menos havia quebrado a inércia “sempre lendo, nunca escrevendo”. Com grande prazer descobri já ter lido livros de jornalismo literário, e tinha adorado os dois: Berlim, de Joseph Roth e A Luta, de Norman Mailer. Qualquer dia escrevo uma resenha deles por aqui. Sim, um dos conteúdos do blog será resenhas de livros, mais um desafio aceito na nova carreira. Mas não vamos perder o foco.
Não esperei, durante o terceiro semestre haveria um curso de especialização em Jornalismo Literário com o professor Fabiano Ormaneze (um dos melhores que tive na vida, não pensei duas vezes). O que era um flerte, tornou-se paixão. E ali, no meio daquelas aulas, decidi o tema do livro, escrever sobre cegueira. Um dos traços do bom jornalismo literário é passar para o papel percepções corporais em meio à narrativa, aguçando assim os sentidos do leitor, ajudando-o na construção mental das cenas. Por que não tentar passar para o papel a perda de um dos nossos sentidos? Me instigava, além de envolver o subtema de grandes perdas humanas, me motivando ainda mais.
Procurei então Cyntia Andretta, minha principal mentora durante os quatro anos de faculdade, e perguntei o que achava do tema. Aprovado, e um semipacto de tê-la como orientadora foi selado. Aí veio o processo de desenvolvimento, levantamento de dados, imersão no tema, busca por fontes, e mais e mais (aliás, todo o processo criativo do livro contarei em posts futuros). Apresentei o TCC, e o dia da banca é memorável. O professor Alexandre Lindolfo gostou muito. Já Edson Rossi fez uma avaliação que emocionou a todos. Nunca me esquecerei da frase, “em 15 anos dando aulas e avaliando TCCs nunca vi um livro reportagem ser de fato produzido na faculdade, hoje não estamos diante de uma aprovação, estamos diante de uma estreia”. Fico tocado toda vez que conto este episódio. Obrigado sempre. Mais um impulso de que precisava, e minha família também.
Contudo, eu sabia que não era o suficiente. Pelo menos a leitura de muitos e muitos livros embasavam meu senso crítico e eu precisava melhorar o livro pra lançar no mercado. Cegueira sem Ensaio tinha de ser revisado. Quatro meses depois de apresentá-lo na faculdade, sento-me em frente ao computador de casa, abro o arquivo do primeiro capítulo, e...
...não consigo mudar uma palavra sequer. O que fazer?
Conto no próximo.
Até já.